“Prepare o seu coração para a
história que eu vou contar...”
Logo no início da sua exposição para o projeto “Resistir é Preciso..., o filósofo e jornalista Gildo Marçal Brandão falou de um dos principais motivos que o fez aceitar dirigir o jornal Voz da Unidade, vinculado ao Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, e que surgia em 1980, logo depois da anistia, logo depois da volta dos militantes que rapidamente retornaram ao Brasil. Com a honestidade que sempre pautou sua vida e com uma certa singeleza, Gildo explicou que, por conta de uma grave doença do coração, ele mesmo imaginou que não viveria muito tempo e, como comunista, queria deixar uma forte contribuição ao partido, à sua própria biografia e complementou: “pois é, e aqui estou eu, 30 anos depois, contando a história”.
Com riqueza de detalhes do jornalista e a precisão histórica do filósofo, Gildo, em mais de 1h30 de gravação em vídeo, explica toda a movimentação interna do Partidão na discussão dos propósitos do novo jornal, sucessor direto do Voz Operária e de tantas publicações programáticas de esquerda, pois como bem observa o historiador José Luis Del Roio, o partido comunista tem que ter o seu jornal, senão não se afirma como partido que precisa se expor, de passar diretrizes aos militantes, de defender suas teses...
Para se ter uma idéia desta tradição, o primeiro jornal do Partido Comunista Brasileiro sai no mesmo ano da sua fundação: 1922.
Sem hesitar, Gildo, inclusive, cita os dirigentes que não o queriam como editor-chefe e toda a conversa e negociação que o levou ao cargo de editor-chefe da volta dos comunistas às bancas de jornais, em um movimento histórico.
E por falar em história, como será o nome que se dá ao fato de Gildo Marçal Brandão, alagoano, doce figura, prestes, na época da entrevista, a ser avô, fato que muito o orgulhava, ter sido vítima de um enfarto fulminante, uma semana depois do seu testemunho?
Por Ricardo Carvalho
Por Ricardo Carvalho
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