Nossos jovens não
conhecem a História recente do País. Isso é problemático por vários motivos. Por
desconhecerem as lutas de seus familiares, não percebem o legado de seus
antepassados. Quais foram os sofrimentos vividos por seus avós? De que maneira
a escola contribuiu para as habilidades paternas? Foi ou não frutífero o
ambiente religioso dos anos 70 e 80? Como eram os amores e a sexualidade
naquele período? Como os políticos daquela época contribuíram ou prejudicaram a
trajetória deles? Perguntas, portanto, sem respostas.
Ora, sem a clareza da
trajetória dos antigos, nossos jovens não formam uma identidade própria, um
rosto produzido por muitos rostos. Desconhecem que sua vida foi tecida ao lado
de muitas vidas. Ao contrário, enxergam-se isolados. Com isso perdem a idéia de
solidariedade, de compaixão, de ver o Outro como parte de sua própria
existência.
A conseqüência deste
“isolamento” é, principalmente para as comunidades mais carentes, a perda da
auto-estima. Ficam sem pertencimento do local onde falam, trabalham, rezam,
namoram. Esse é um primeiro passo para esta patologia: o desinteresse pela participação
social, pela luta por sua coletividade. É quando a apatia substitui a utopia.
Conclusão: aumento da violência social, uma vez que a existência humana é
precária, sem dignidade, sem Direitos.
Mas será que não podemos
reverter esse processo? É por esses motivos que o Instituto Vladimir Herzog e a
Fundação Carlos Chagas estão lançando o Ciclo Memória e Verdade, com o objetivo
de suprir, principalmente entre educadores e membros comunitários da periferia,
conteúdos de cultura, história, educação aos mais novos. Promover debates,
produzir questionamentos, ampliar horizontes são as metas destes encontros.
Este Ciclo é um braço
valioso do Projeto “Livro para Todos”, criado pela Fundação Carlos Chagas, que
tem como alvo promover a leitura como principal ferramenta do conhecimento.
Sabem os seus organizadores que é por meio do livro, ao lado de outras formas
de arte (cinema, musica, dança, artes plásticas etc.), que nossos adolescentes
ficarão mais permeáveis na busca de sua auto-afirmação.
Entre Agosto e o início de
Outubro de 2012 já aconteceram palestras no Centro de Convivência Educativa e
Cultural de Heliópolis, periferia da capital de São Paulo. O questionamento foi
sobre a ditadura militar. Lá estiveram presentes representantes da Rádio
Comunitária, educadores de creches, mães de família, artistas de rap e dirigentes comunitários. Tudo em
benefício de nossos jovens. Como afirmava o teatrólogo Vianinha: “nem tudo que
é novo é revolucionário, mas o revolucionário há de ter algo do novo”.
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