Os premiados do 34° Prêmio Vladimir Herzog de
Anistia e Direitos Humanos, que neste ano bateu recorde com 545 inscrições,
foram anunciados publicamente nesta quarta-feira (10/10) na Praça Jardim Divina
Providência – que, após receber o conjunto de obras do artista plástico Elifas
Andreato, passará a se chamar Praça Vladimir Herzog.
A escolha das matérias vencedoras se deu na reunião
do júri de premiação realizada, das 09h às 15h, na sala Oscar Pedroso Horta da
Câmara Municipal de São Paulo, transmitida ao vivo pela internet.
Os jornalistas ganhadores, que receberão as
premiações no dia 23 de outubro, (terça-feira), às 19h30, em cerimônia
realizada no TUCA (Teatro da PUC-SP), são:
Na categoria Especial, que abrange todas as
mídias e, nesta edição, teve como tema “Crianças em situação de rua”, o
vencedor foi Filho da Rua,
de Letícia Duarte, publicado no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, RS;
A Menção Honrosa foi para a matéria de Cleomar
Almeida, intitulada Direito à Infância: Crianças abandonadas à própria sorte,
veiculada no jornal A Redação, de Goiânia, GO;
Na categoria Artes, Defesa falha
com as vítimas, de Fernando de Castro Lopes, publicada no
jornal Correio Braziliense, de Brasília, DF, foi a vencedora;
A foto O amor é o dom maior! Ame, de
Francisco França, do Jornal da Paraíba, foi a ganhadora da categoria Fotografia,
que teve como Menção Honrosa a imagem Mutilado na Guerra do Crack, de
Severino Silva, do jornal O DIA, do Rio de Janeiro;
Na categoria Internet, a matéria “Depois que comecei a estudar, não vejo mais grades”, diz
preso de SP que faz pedagogia, de Camila Rodrigues, do
site UOL, foi a vencedora. A Menção Honrosa foi para Um navio estacionado na porta de casa,
de Yan Boechat, do Portal IG;
Quando a ditadura entrou em campo, do jornalista Murilo Rocha, do
jornal O Tempo, de Belo Horizonte, ganhou na categoria Jornal. Dossiê
Curió, de Ismael Machado, do jornal Diário do Pará,
recebeu a menção honrosa;
A categoria Rádio teve como ganhadora Maíra
Heinen, da Rádio Nacional da Amazônia, com a matéria Crimes contra indígenas na ditadura, e
Menção Honrosa para À espera de um lar, de Renata Colombo, da Rádio
Gaúcha;
Débora Prado, da Revista Caros Amigos, receberá o
prêmio na categoria Revista com o Especial Comissão da Verdade. A
Menção Honrosa foi para Guarani-Kaiwá: O genocídio silencioso de um povo,
de Sandra Alves, da revista O Mensageiro de Santo Antônio, de Santo André, SP;
A TV Brasil/EBC fez dobradinha na categoria TV:
Documentário com Crimes da Ditadura, de Conchita Rocha,
sendo a vencedora, e Mão de obra escrava urbana, de Bianca
Vasconcellos, recebendo Menção Honrosa;
Por fim, a reportagem O Caso Rubens
Paiva: Uma história inacabada, de Miriam Leitão,
veiculada na Globo News, recebeu, por unanimidade, o prêmio da categoria
TV: Reportagem. Liberdade Aprisionada, de Eliana Victório,
da TV Tribuna, de Pernambuco, teve Menção Honrosa;
Participaram do júri de premiação, composto pelas
11 entidades organizadoras do Prêmio, Guilherme Alpendre, diretor-executivo da
ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Prof. José Coelho
Sobrinho, do Departamento de Jornalismo da Escola de Comunicações da
Universidade de São Paulo (ECA/USP), Valéria Schilling, do Centro de
Informações das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), José Augusto de
Camargo, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Márcia
Quintanilha, vice-presidente regional sudeste da FENAJ (Federação Nacional de
Jornalistas), Antônio Funari Filho, diretor-presidente da Comissão de Justiça e
Paz da arquidiocese de São Paulo, Rosani Abou Adal, da ABI (Associação
Brasileira de Imprensa), Rafael Martinelli, do Fórum Permanente dos Ex-presos e
Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo, e Nemércio Nogueira, diretor do
Instituto Vladimir Herzog.
Os representantes da OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil) e da Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo não conseguiram estar
presentes na reunião.
o 34° Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos
Humanos conta com o apoio institucional da Pontifícia Universidade Católica
(PUC-SP) e Câmara Municipal de São Paulo, e patrocínio da Petrobrás, Banco do
Brasil e Souza Cruz.
Comentários do Júri
José Coelho Sobrinho se disse emocionado em
participar do júri de um prêmio que leva o nome de um ex-professor da USP.
“Durante o tempo em que conviveu conosco ele [Vladimir Herzog] sempre soube
mostrar a importância de se fazer bom jornalismo”, disse o professor.
José Augusto de Camargo, destacou que dos 17
trabalhos premiados, apenas quatro são de São Paulo. “A imensa maioria dos
trabalhos premiados são de outros estados, isso demonstra primeiro a
abrangência do Prêmio e depois, o que acho mais interessante, demonstra como se
faz jornalismo de qualidade no Brasil inteiro”, disse.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas também
relembrou que o Prêmio Vladimir Herzog tem uma tradição política, já que nasceu
na ditadura como símbolo de resistência aos crimes cometidos pelo regime
militar.
Novidades
nesta edição do Prêmio
Segundo a curadora do Prêmio, Ana Luisa Zaniboni
Gomes, esta 34ª edição trouxe algumas novidades e ousadias, sendo uma delas
esta própria reunião do júri para definir os vencedores: até então, o processo
contava com uma única etapa, na qual jornalistas experientes, a convite da Comissão Organizadora, selecionavam os ganhadores de cada categoria.
"O número recorde de inscrições nos exigiu um método diferente de trabalho
de julgamento", explicou Ana Luisa.
Nesta edição, 27 jurados, na primeira etapa,
tiveram a função de analizar todos os trabalhos e, a partir de critérios
técnicos, pontuá-los. Os três trabalhos mais pontuados de cada categoria - com
exceção de Jornal e Internet, que tiveram quatro trabalhos escolhidos - foram
selecionados para a segunda etapa, na qual o júri de premiação, baseado no
“ineditismo e relevância para a democracia e área dos direitos humanos”,
decidiu pelos ganhadores.
"Tanto o júri da primeira etapa quando o júri
da segunda tiveram uma postura bastante madura porque eu olhei todos os 545
trabalhos e vi que todos estavam muito bons, pertinentes, cada um com sua
especificidade", concluiu a curadora.
Outras novidades foram a reunião de decisão pelas
matérias vencedoras ser realizada numa sessão pública, na Câmara, transmitida
ao vivo pela internet, e solicitar aos jornalistas, no ato da inscrição, o
envio de um relato sobre o processo de produção de sua matéria.
Nemércio Nogueira apontou uma quarta ousadia “que é
a tentativa de ordenhar os conteúdos todos do Prêmio Vladimir Herzog em
benefício dos estudantes de jornalismo”, disse, apresentando como exemplo o Projeto 1000 em 1, que propõe a estudantes
universitários entrevistar, no prazo de um ano, jornalistas das mil matérias
que receberam os principais prêmios de jornalismo.
Texto e Foto: João Paulo Brito
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