quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Em sessão pública e transmitida pela internet, foram definidos os vencedores do 34° Prêmio Vladimir Herzog



Os premiados do 34° Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, que neste ano bateu recorde com 545 inscrições, foram anunciados publicamente nesta quarta-feira (10/10) na Praça Jardim Divina Providência – que, após receber o conjunto de obras do artista plástico Elifas Andreato, passará a se chamar Praça Vladimir Herzog.

A escolha das matérias vencedoras se deu na reunião do júri de premiação realizada, das 09h às 15h, na sala Oscar Pedroso Horta da Câmara Municipal de São Paulo, transmitida ao vivo pela internet.

Os jornalistas ganhadores, que receberão as premiações no dia 23 de outubro, (terça-feira), às 19h30, em cerimônia realizada no TUCA (Teatro da PUC-SP), são:
Na categoria Especial, que abrange todas as mídias e, nesta edição, teve como tema “Crianças em situação de rua”, o vencedor foi Filho da Rua, de Letícia Duarte, publicado no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, RS;

A Menção Honrosa foi para a matéria de Cleomar Almeida, intitulada Direito à Infância: Crianças abandonadas à própria sorte, veiculada no jornal A Redação, de Goiânia, GO;
Na categoria Artes, Defesa falha com as vítimas, de Fernando de Castro Lopes, publicada no jornal Correio Braziliense, de Brasília, DF, foi a vencedora;

A foto O amor é o dom maior! Ame, de Francisco França, do Jornal da Paraíba, foi a ganhadora da categoria Fotografia, que teve como Menção Honrosa a imagem Mutilado na Guerra do Crack, de Severino Silva, do jornal O DIA, do Rio de Janeiro;

Na categoria Internet, a matéria “Depois que comecei a estudar, não vejo mais grades”, diz preso de SP que faz pedagogia, de Camila Rodrigues, do site UOL, foi a vencedora. A Menção Honrosa foi para Um navio estacionado na porta de casa, de Yan Boechat, do Portal IG;

Quando a ditadura entrou em campo, do jornalista Murilo Rocha, do jornal O Tempo, de Belo Horizonte, ganhou na categoria Jornal. Dossiê Curió, de Ismael Machado, do jornal Diário do Pará, recebeu a menção honrosa;


A categoria Rádio teve como ganhadora Maíra Heinen, da Rádio Nacional da Amazônia, com a matéria Crimes contra indígenas na ditadura, e Menção Honrosa para À espera de um lar, de Renata Colombo, da Rádio Gaúcha;

Débora Prado, da Revista Caros Amigos, receberá o prêmio na categoria Revista com o Especial Comissão da Verdade. A Menção Honrosa foi para Guarani-Kaiwá: O genocídio silencioso de um povo, de Sandra Alves, da revista O Mensageiro de Santo Antônio, de Santo André, SP;

A TV Brasil/EBC fez dobradinha na categoria TV: Documentário com Crimes da Ditadura, de Conchita Rocha, sendo a vencedora, e Mão de obra escrava urbana, de Bianca Vasconcellos, recebendo Menção Honrosa;

Por fim, a reportagem O Caso Rubens Paiva: Uma história inacabada, de Miriam Leitão, veiculada na Globo News, recebeu, por unanimidade, o prêmio da categoria TV: Reportagem. Liberdade Aprisionada, de Eliana Victório, da TV Tribuna, de Pernambuco, teve Menção Honrosa;

Participaram do júri de premiação, composto pelas 11 entidades organizadoras do Prêmio, Guilherme Alpendre, diretor-executivo da ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Prof. José Coelho Sobrinho, do Departamento de Jornalismo da Escola de Comunicações da Universidade de São Paulo (ECA/USP), Valéria Schilling, do Centro de Informações das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), José Augusto de Camargo, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Márcia Quintanilha, vice-presidente regional sudeste da FENAJ (Federação Nacional de Jornalistas), Antônio Funari Filho, diretor-presidente da Comissão de Justiça e Paz da arquidiocese de São Paulo, Rosani Abou Adal, da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Rafael Martinelli, do Fórum Permanente dos Ex-presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo, e Nemércio Nogueira, diretor do Instituto Vladimir Herzog.

Os representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e da Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo não conseguiram estar presentes na reunião.
o 34° Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos conta com o apoio institucional da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e Câmara Municipal de São Paulo, e patrocínio da Petrobrás, Banco do Brasil e Souza Cruz.

Comentários do Júri

José Coelho Sobrinho se disse emocionado em participar do júri de um prêmio que leva o nome de um ex-professor da USP. “Durante o tempo em que conviveu conosco ele [Vladimir Herzog] sempre soube mostrar a importância de se fazer bom jornalismo”, disse o professor.
José Augusto de Camargo, destacou que dos 17 trabalhos premiados, apenas quatro são de São Paulo. “A imensa maioria dos trabalhos premiados são de outros estados, isso demonstra primeiro a abrangência do Prêmio e depois, o que acho mais interessante, demonstra como se faz jornalismo de qualidade no Brasil inteiro”, disse.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas também relembrou que o Prêmio Vladimir Herzog tem uma tradição política, já que nasceu na ditadura como símbolo de resistência aos crimes cometidos pelo regime militar.

Novidades nesta edição do Prêmio

Segundo a curadora do Prêmio, Ana Luisa Zaniboni Gomes, esta 34ª edição trouxe algumas novidades e ousadias, sendo uma delas esta própria reunião do júri para definir os vencedores: até então, o processo contava com uma única etapa, na qual jornalistas experientes, a convite da Comissão Organizadora, selecionavam os ganhadores de cada categoria. "O número recorde de inscrições nos exigiu um método diferente de trabalho de julgamento", explicou Ana Luisa.

Nesta edição, 27 jurados, na primeira etapa, tiveram a função de analizar todos os trabalhos e, a partir de critérios técnicos, pontuá-los. Os três trabalhos mais pontuados de cada categoria - com exceção de Jornal e Internet, que tiveram quatro trabalhos escolhidos - foram selecionados para a segunda etapa, na qual o júri de premiação, baseado no “ineditismo e relevância para a democracia e área dos direitos humanos”, decidiu pelos ganhadores.

"Tanto o júri da primeira etapa quando o júri da segunda tiveram uma postura bastante madura porque eu olhei todos os 545 trabalhos e vi que todos estavam muito bons, pertinentes, cada um com sua especificidade", concluiu a curadora.

Outras novidades foram a reunião de decisão pelas matérias vencedoras ser realizada numa sessão pública, na Câmara, transmitida ao vivo pela internet, e solicitar aos jornalistas, no ato da inscrição, o envio de um relato sobre o processo de produção de sua matéria.

Nemércio Nogueira apontou uma quarta ousadia “que é a tentativa de ordenhar os conteúdos todos do Prêmio Vladimir Herzog em benefício dos estudantes de jornalismo”, disse, apresentando como exemplo o Projeto 1000 em 1, que propõe a estudantes universitários entrevistar, no prazo de um ano, jornalistas das mil matérias que receberam os principais prêmios de jornalismo.
Texto e Foto: João Paulo Brito

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